A obesidade não é só um problema estético e sim um importante fator de risco para doenças cardiovasculares, diabetes, entre outras.Nos últimos anos, a taxa de obesidade no mundo vem aumentando e atinge todas as faixas etárias, principalmente crianças e adolescentes.
Hoje, ficamos cada vez mais fechados no escritório, sentados em frete ao computador. Não temos tempo para praticar exercícios físicos e não prestamos atenção em nossa alimentação.
Ter uma alimentação saudável e equilibrada não só nos ajuda no controle dos quilos que tanto nos incomodam na balança, mas também traz muitos benefícios para a saúde.
Por isso, convidamos o consultor em nutrição Alfredo Galebe para uma entrevista.
Nesta entrevista, Alfredo Galebe nos ensina que ter o conhecimento sobre o que se coloca no prato é a chave para uma vida mais saudável e equilibrada.
1 – As pessoas falam que obesidade é uma coisa e sobrepeso é outra. Existe alguma diferença entre um e outro ou é tudo igual?
ALFREDO GALEBE - Eu, por exemplo, tenho sobrepeso de mais ou menos 100 quilos. Eu preciso tirar meu sobrepeso? Não. Obesidade é um termo médico, onde a pessoa tem um excesso de gordura. Essa pessoa pode ter um sobrepeso de 100 quilos. É obeso? É. Não existe uma definição.
2 - Quando se descobre que se está obeso? Existe um limite além do que é visual?
ALFREDO GALEBE - O limite só é para o indivíduo. O profissional de saúde, tanto médico quanto nutricionista, tem que olhar para ele e não enxergar a interação no seu dia-a-dia. Tem que enxergar se esse sobrepeso interfere no seu dia, seja para subir num ônibus ou para entrar num avião; se interfere pra comer, pra dormir, se está dando até apnéia noturna… É muito difícil chegar ao ponto e falar quando é realmente uma coisa ruim pra o indivíduo. É quando isto está interferindo na vida, no dia-a-dia dele.
3 - Existe uma dieta padrão que todo mundo pode seguir ou tem que ser específico?
ALFREDO GALEBE - Nem padrão, nem específico. Porque estabelecer uma dieta especifica já é um padrão. Cada ser humano é um indivíduo, é uma coisa individual, mas, ao mesmo tempo, existe uma linha de trabalho. Você não pode, por exemplo, chegar a uma pessoa comum com hábitos comuns, com uma vida comum no dia-a-dia, e mandá-la comer só jiló. Essa dieta mono-nutriente não funciona. Vai durar três dias. Isso é uma dieta padrão. Se os pais ensinarem os filhos comerem vai ter gente mais saudável, mais educada, com mais inteligência, mais paciência. Pode até ser gordinho, mas está nutrido. Tem que ter a quantidade de nutrientes correta. O gordinho vai ficar mais fortinho e o magrinho também. E todo mundo vai entrar mais ou menos no mesmo tipo de corpo.
4 – Quando você decidiu mudar sua maneira de se alimentar, teve que abrir mão do que comia e que gostaria de continuar comendo?
ALFREDO GALEBE - Não abri mão de nada. Também não me alimento exatamente como antes. Não se pode querer um resultado fazendo as mesmas coisas. Eu comecei a adquirir conhecimento daquilo que eu comia. Conseqüentemente, adquiri a responsabilidade sobre a minha barriga, que era gigantesca. Para perdê-la, tive que tomar uma atitude gigantesca. Eu fui me sentir magro seis anos depois que emagreci. Desde então, eu só como o melhor. Pra mim, comida tem que ter nome, endereço e telefone. Eu como coxinha, mas não qualquer uma. Também como o mil folhas. Qualquer um é bom? Não pra mim. No lugar que eu como mil folhas, tenho que pagar sete reais de estacionamento, sento, desligo meus celulares, tomo o meu café e como meu mil folhas. Quantas vezes eu fiz isso este ano? Uma. Por quê? Eu acho que eu merecia. A arte de comer é comer o muito bom. Eu não tenho tempo pra comer o bom.
5- Qualquer pessoa tem condições, em termos financeiros, de fazer uma dieta alimentar como a sua, por exemplo?
ALFREDO GALEBE - Sim. Qualquer indivíduo que queira adquirir conhecimento daquilo que come e, conseqüentemente, assumir a responsabilidade sobre o seu corpo.
6 – É possível seguir uma dieta fora de casa? E como lidar com as escolhas fora de casa?
ALFREDO GALEBE - Ninguém mora em casa. Todo mundo mora na rua. A maioria das pessoas passa 70, 80% do seu tempo na rua. Só vai para casa dormir. Mas a escolha tem que ser a melhor. Para uns, o melhor é McDonalds para outros é cuscuz com ovo. Agora, o profissional que cuida disso tem que ajustar as duas vidas.
7 – Muito se vê no meio artístico as atrizes com corpos esculturais afirmando que conseguiram a façanha com a dieta da sopa da lua, de folhas, etc. Você acha que isso funciona?
ALFREDO GALEBE - Lógico que funciona. Mas não serve como receita. Quando uma pessoa pública faz uma declaração desta, existe uma responsabilidade para isso. Alguém come a dieta das estrelas feita pelo médico X. Aquela celebridade vai servir como inspiração. Todo mundo precisa de um ‘muso’ ou uma ‘musa’ inspiradora. Eu mesmo sou inspiração pra muita gente.
8- Os famosos chás, verde e branco, são realmente indicados para quem quer perder peso rapidamente? Como eles atuam no organismo?
ALFREDO GALEBE - Não resolve e tomar indiscriminadamente piora. Tem gente que passa o dia inteiro tomando chá verde; não vai acontecer nada. Pode funcionar como pode também acionar alguns dispositivos anormais que você não quer. Tudo é uma questão de você ter uma saúde controlada, ter os exames fixos feitos. Ser acompanhada. Num pode sair por aí tomando chá porque está vendo alguém tomar. Tudo funciona desde que você realmente assuma a responsabilidade. Assumir a responsabilidade é ter o conhecimento.
9- Quando se fala em emagrecer, o conselho é fechar a boca ou passar muito tempo sem comer. Pode ser uma saída?
ALFREDO GALEBE - Pode. Mas muitos buscam o contrário. Eu não. Era gordo e só comia uma vez por dia.
10- Ouve-se muito que não se emagrece apenas deixando de comer. É preciso fazer alguma atividade física. Isso é verdade?
ALFREDO GALEBE - Só se emagrece comendo de acordo com seus hábitos. Se a pessoa faz exercício tem que comer mais. Se não faz exercício tem que comer menos. Agora tem pessoas que não tem condições de fazer exercício ou por preguiça ou provavelmente por uma questão de imprevisto do dia-a-dia. Têm pessoas que passam duas horas dentro de um ônibus pela manhã, mais duas à tarde. Só aí se foram quatro horas por dia. Um ônibus é um negócio chamado power plate – um equipamento que custo 8 mil dólares. O ônibus é um power plate gigante onde pode-se trabalhar bíceps, tríceps, braço, perna, bunda, coxa, equilíbrio, etc. É uma possibilidade para quem não tem tempo de freqüentar uma academia. Eu conheço mulheres que param seus carrões, deixam a chave num drive parking e pagam uma nota pra ficar subindo e descendo 500 degraus por dia pra ter a mesma bunda daquela sobe e desce do ônibus todos os dias.
11- Existe algum tipo de alimento que não pode ser consumido à noite?
ALFREDO GALEBE - Primeiro, as pessoas precisam entender o que é carboidrato, o que é proteína e o que é gordura. Alface, tomate, beterraba, maçã, mamão… Tudo isso é carboidrato. As pessoas não sabem disso. Uma cabeça de alface ou meia maçã equivale a uma fatia de pão. Tem pessoas que pensa que suco de laranja é light. Pior ainda, suco de melancia, ou seja, água com açúcar. E mais grave: sem a fibra. Um copo de suco de melancia equivale a três pães. Tem gente que come pão sem nada. É bom que se coloque alguma coisa dentro do pão: um pouquinho de azeite, uma fatia de tomate, uma fatia de tomate, três fatias de peito de peru, pronto! O problema é que as pessoas não olham o que estão comendo. Tem gente que não enxerga nem o que está colocando na boca. A proposta que eu tenho pra qualquer pessoa é que olhe antes de colocar na boca. Não precisa nem saber o que está colocando na boca. Basta olhar e se perguntar o que está comendo.
12- Como combinar os alimentos para se obter uma alimentação saudável?
ALFREDO GALEBE - Primeiro, temos que saber qual é a combinação correta dos alimentos. Sabendo disso, o próximo passo é saber como cada uma delas funciona. Vamos dividir os alimentos em três grupos: carboidrato, proteína e gordura. Se você consumir uma quantidade de carboidrato correta, você tem que assumir a primeira regra que é a proporção entre elas. As proporções específicas ideais. Isso não quer dizer que elas sejam iguais. Ou seja, um pouco maior de carboidrato, menor de proteína e menor ainda de gordura. A gordura tem uma função calórica muito maior. Juntando as três, tem-se um bloco nutricional. Esses são os três nutrientes básicos de uma refeição.
13– O que falta ao brasileiro, então, é a combinação entre os alimentos?
ALFREDO GALEBE - O prato do brasileiro é arroz, feijão, bife e ovo é prefeito. Mas podemos dar uma incrementada com arroz integral, feijão branco… Mas a proporção é sempre a mesma. Tem que tem gordura? Sim, senão você perde o sabor. Tem que ter proteína? Também. E o que é proteína? Carne, peixe, ovo, alguns queijos do tipo ricota. O queijo branco não é proteína. É, na verdade, carregado de gordura. Carboidrato é todo resto: verdura, legume, pão. Num supermercado é muito fácil entender o que é cada um. Todas as ilhas do meio são carboidrato, as de fora são gorduras diferentes. Já as proteínas precisam de refrigeração.
Fonte: http://blog.primeiramao.com.br/
Nenhum comentário:
Postar um comentário